Trarei à reflexão
algumas ideias que destaco, entre comentadores de arte e psicanálise, acerca da articulação Dalí e Psicanálise. A primeira autora é Tania Rivera.
Dalí: mais além da realidade I.
Rivera[i]
(p.20) analisa algumas passagens históricas dos comentários de Freud sobre
Dalí.
Ela fala da perplexidade de Freud diante da arte moderna e, mais ainda, ele “faz
troça” da associação entre a sua psicanálise e surrealistas. Observações feitas, após um encontro entre Freud, Stefan Zweig, Salvador Dalí, Gala e o milionário Edward James, ao saber que os surrealistas o tinham adotado como “santo padroeiro”.
Freud chama-os de
loucos (ou “loucos a 95%, como se diz no álcool), mas o jovem artista espanhol (Dalí) o teria feito mudar de ideia, “com seus olhos cândidos e fanáticos”. Freud
admite que seria interessante examinar de um ponto de vista psicanalítico a
realização de um quadro como aquele.
O quadro era Metamorfose
de Narciso.
Material: Tinta a óleo
Período: Surrealismo
Criação: 1937
“O quadro faz o contemplador participar ativamente do processo de transformação: diante dos seus olhos Narciso, recurvado sobre o
espelho d’água, pertrifica-se numa forma de mão que segura um ovo, de onde
irrompe a flor narciso. Imagens duplas se auto-engendram, partilham os mesmos
contornos, são intercambiáveis, de tal maneira que o contemplador vê o quadro
se metamorfosear diante dele” (Rivera, p.24)
Sentencia Freud, diante daquela obra, que “nas pinturas
clássicas, procurava o inconsciente – em uma pintura surrealista, o consciente”.
E Rivera (p.21) conta que, mesmo despertando o interesse de
Freud por sua genialidade, foi um veredicto para Dalí que significou a sentença de
morte do surrealismo.
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