quinta-feira, 11 de março de 2010

Comentário de Marli Bastos, Psicanalista, sobre o livro Momentos Pares, Momentos Ímpares.

Beth Bonow, nos brinda com um romance que prende o leitor do início ao final de seu escrito. Aliás, já somos capturados pela belíssima capa, um belo sapato vermelho nos convida para uma caminhada elegantemente ornada por pérolas negras.
Momentos pares, momentos ímpares, nos transporta para momentos vivenciados por uma mulher em sua enlouquecida busca de amor. Ah... trago uma rosa, para lhe dar... A trama acontece no Rio de Janeiro na década de 70 e é muito bem pinçada em vários momentos históricos da nossa cultura quanto na vida do personagem principal – Isa-a-bela representada melodiosamente em várias facetas de sua vida, nos conduz da sua adolescência a vida adulta em sua busca incessante de um amor irreal porque idealizado.
Enfim, é um romance que eu recomendo pela sua poesia e por nos remeter a uma década tão fértil e de certa forma tão inocente de nossa história.

terça-feira, 9 de março de 2010

Momentos Pares, Momentos Ímpares


Escrevi este livro por puro prazer.
O gosto doce de lembrar de um Rio de Janeiro que já se foi no tempo.
O perfume de amores que inventei e que passei.
O desfrutar da brincadeira com as palavras.
O riso interior de mexer em vespeiros.
Até a dor se fez prazer e saiu para sorrir.
Zepelin, Anick Bobó, Tan o Ton, Luna's.
Tanta coisa boa de se lembrar que nem cabe num livro só.

Momento pares, momentos ímpares.
Vejam o que vocês acham e comentem comigo.
Podem alugar ou comprar um exemplar (entregue na sua casa) no site:
www.biblioteca24x7.com.br

O chiste de Woody Allen.


O intelectual judeu da modernidade teve que buscar trabalho fora do gueto, num espaço em que os critérios de aceitação e consideração eram bem diversos, submetidos a um esforço bem maior em prol da ascensão social, participando da estrutura competitiva num confronto inevitável. Freud, Einstein, entre tantos brilhantes judeus tiveram que superar esta barreira, uma resistência que, no dizer de Freud, era preciso encarar como vantagem (FUCHS, 2000).
Não foi diferente para Allen nos anos pós-guerra. Desprovido de dotes físicos, e muito tímido, ele se tornou o mais severo crítico de si mesmo e das condições difíceis que se impunham ao seu caminho. Com sua inteligência fina e peculiar, na trilha sublimatória da arte, edifica com sua espirituosidade, a ponte para ultrapassar a timidez e desvantagens, e estabelecer seus laços sociais. As tiradas espirituosas que ele construía sobre aquela realidade eram capazes de fazê-lo comunicar-se agradavelmente com outras pessoas, ainda que as criticando e às suas vidas. Descobria ele a técnica da tirada espirituosa. Explica Allen a virada que lhe permitiu chegar ao sucesso: “eu era judeu, mas depois me converti ao narcisismo”.
O Witz, na tradução para o português da obra de Freud da Imago, é o chiste; em francês adotou-se mot d'esprit. Na tradução do Seminário de Lacan, o Witz é a tirada espirituosa. O chiste não é uma palavra comum na língua portuguesa, mas todos sabemos o que é uma tirada espirituosa, ainda que não tivéssemos lido Freud.
Espírito, para Aurélio Buarque de Holanda tem significados diversos na língua portuguesa: a parte incorpórea, inteligente ou sensível do ser humano; o pensamento; a mente; inteligência fina, brilhante; idéia predominante; significação, sentido; capacidade de captar o cômico, o divertido, o ridículo; graça, humor; ironia.
É nesse caminho que nos conduziu Freud, e depois Lacan, para melhor compreendermos a importância do Witz. Uma das primeiras menções de Freud sobre o Witz data de 1899 (volume III), em Recordações Encobridoras. Logo a seguir, em 1905, Freud publica O chiste e sua relação com o inconsciente, mergulhando seu estudo num tema privilegiado por Lacan, quando escolhido para a abertura de seu seminário de 6 de novembro de 1957 (livro 11), ao qual se refere como: “a mais brilhante forma com que o próprio Freud nos aponta as relações com o inconsciente”.

O Caminho da Psicanálise: quebrando a casca de seu ovo.


Um ato de generosidade do sujeito para consigo mesmo.
Se existe o sofrimento, por que não buscar formas de reduzi-lo?
Quem melhor do que o próprio sujeito para tomar a direção de sua vida, saindo do banco do carona? Quebrando a casca de seu ovo?
Quem melhor que ele para conduzir suas ações em prol dos resultados desejados?
Quem melhor do que o sujeito para escolher o caminho e separa-se de velhos jargões que fantasmaticamente se alojam na vida e a recobrem?
Quem é mais apto a prospectar seus desejos, compreendendo que até obtê-los há problemas e erros?
Não está na hora de se responsabilizar pela própria vida e não mais entregá-la aos outros, a quem se dá tantos nomes, como: amor, Deus, pai/mãe, destino, azar etc?
Todos somente se alojam no espaço do sujeito, quando convidados a entrar.
E o papel que assumimem em sua vida ele-mesmo designa.

terça-feira, 2 de março de 2010

Novas síndromes que invadiram nosso pedaço.


Síndrome do pânico, depressão, angústia, TOC, bipolaridade.
O corpo é algo que é feito para gozar a si mesmo.
O primeiro sintoma de angústia anuncia que algo pode acontecer, uma invasão do real no imaginário que escapa à simbolização, à linguagem. Surgem as doenças que vão escrever, de sua forma enigmática, a história do sujeito.
O corpo da psicanálise é diverso do corpo da biologia, porque é atravessado pela linguagem, estabelecendo um diálogo profundo entre biologia (corpo) e psiquismo. Um e outro estão totalmente ligados e interagem desde sempre.
É o corpo pulsional. É um corpo que fala.
Se não colocamos em palavras o mal-estar, a doença se inscreve no corpo, como uma via de acesso ao que não é simbolizável.
As novas síndromes são doenças que a globalização oferece, com seus imaginativos nomes e velhos formatos.Onde estavam há anos atrás? Mudamos tanto?
Não. Elas ressurgem atualizadas pela mídia, pelas bulas que descrevem sintomas, pelo doloroso teatro das novas-histéricas.
O remédio, amplamente veiculado pela indústria capitalista, traz no rótulo o nome da felicidade, a nomeação da ilusão de cura, de que tudo é somente biológico.

Arte Moderna


Ela se diferencia por convocar o espectador à incômoda invasão ao interior do artista, desconhecido e imprevisível, que não é dado facilmente e exige um esforço a mais.
A realidade não é fotografada pelo discurso do belo e conduz à recriação estética.
O mistério de Cézzane e suas maçãs, a repetição do tema, aprimorando sua relação com o real, aponta para a permanente renovação guiada pela fantasia.
Revela Tarsila do Amaral sobre o Abaporu (1928): " segui apenas uma inspiração sem nuca prever meus resultados. Uma figura solitária, monstruosa, pés imensos, sentada numa planície verde, o braço pousado repousando no joelho, a mão sustentando o peso-pena da cabecinha minúscula. Em frente, um cacto explodindo numa flor absurda. Sugeria a criatura fatalizada, presa à terra, com seus enormes e pesados pés".
É isso que você vê? Horror, beleza?
O gigantismo, as cores, a deformação, prá onde transportam você?
Essa é a brincadeira do quadro. O mesmo transporte que leva cada qual a um diferente destino.