A maçã
do amor, o fruto proibido guarda tanto simbolismo ao longo das gerações.
Para
ser desejada, foi vetada à mulher, demarcando um limite, estabelecendo uma porta
à transgressão, denunciando uma divisão.
Assim,
tornou-se signo da violação da lei, do crime feminino, do caminho ao sexo, à
erotização mítica, ao objeto fálico.
As tentadoras
maçãs, em seu fascínio, são sempre apresentadas por outras figuras femininas poderosas
- a serpente, a bruxa, a madrasta - representações do mal, portadoras de um
saber envolvente, irresistível, uma vez que já foram eleitas por um homem.
Eva, a mente de maçã, 2008 - Applemind
Óleo s/ tela, 50 x 60 cm - Surrealismo Anacrônico
Não obrigam, não invadem, não agridem, somente apontam uma insatisfação desconhecida, um desejo mais íntimo, o gozo. É um apelo a algo que está significado por uma outra mulher como uma verdade, a nomeação de uma falta aparentemente mais-além dela, um gozo específico.
O
objeto oral, que desempenha um papel essencial nas trocas com o Outro,
equaciona na maçã uma fórmula de satisfação que se repete, uma espécie de rito
de passagem à feminilidade, à vida amorosa.
A maçã
é o desejo de desejar, é o desejo feminino.