domingo, 11 de julho de 2010

Futebol contemporâneo.


“Antes da pintura, o futebol já tinha marcado minha vida. Como no futebol, acho que na arte deve-se fazer coisas espontâneas, com a marca do amor e entusiasmo, para poder se emocionar e emocionar outras pessoas. Como no futebol, acho que na arte deve-se fazer coisas espontâneas, com a marca do amor e entusiasmo.” Palavras de Rebolo, autor do quadro que ilustra esse comentário.

Será que é esse entendimento do futebol de hoje?

O futebol, para Hobsbawn, carrega hoje o conflito da globalização, suportanto de maneira paradoxal , talvez como nenhuma outra instância, a dialética entre as entidades transnacionais, seus empreendimentos globais e a fidelidade local dos torcedores.

Winik entende que se consegue depauperar os campeonatos locais, antes representantes de uma forte demanda pela representativade nacional, que agora perdem a sua cara.

As empresas futebolísticas compram e vendem seus produtos-jogadores, levando a uma homogeneização dos times e à descaracterização das individualidades, todos submetidos a ordenamentos sem fronteiras.

Fortunas e poder são reservados aos mitos que adentram esse Olimpo contemporâneo, sob uma exigência única: produzir gols e vencer campeonatos. São instados a sustentar seus títulos imperiais, por meio de uma imagem atlética, nem sempre compatível com sua vida pessoal, construída na mídia e alimentada em prol da valorização do passe.

Fico preocupada com a geração cada vez mais numerosa de brunos, vagnerloves, ronaldos, adrianos (escândalos mais recentes). Fico extremamente preocupada com pais que temem conversar com seus filhos sobre os ídolos, ignorando os riscos da idolatria, por não poderem oferecer outros exemplos mais consistentes. Fico preocupada com os clubes que ignoram as necessidades individuais de seus atletas que “surtam” diariamente por não suportarem esse lugar que a eles é reservado.

Só a espontaneidade, como disse Rebolo, trilha o caminho do amor e do entusiasmo.

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