quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Exposição do impressionismo termina com recorde de público.

Atitude!

Moderna e arrojada era a conduta dos  impressionistas para sedimentar novos olhares à sociedade ainda tão fechada.  Artistas  instruídos,  profundamente estudiosos nas técnicas e movimentos que os antecederam, romperam com as poéticas passadas e abriram-se à experiência do ar livre, libertando-se da solidão dos ateliês em busca hábitos e valores das classes menos abastadas que não frequentavam os salões de arte. 
Monet, Renoir, Degas, Cézanne, entre outros, foram reunidos num movimento que tomou o desafiante e criticado quadro de Degas: Impression, soleil levante (1872, imagem). O impressionismo foi uma investigação sobre as possibilidades técnicas, cientifizando cores e temas do mundo moderno, predominantemente trabalhadas às margens do Sena. Ignora-se claro-escuro e não há distinção entre positivo e negativo, ou luz e sombra, há efetivamente manchas que se justapõem , em firmes  e significativas pinceladas.
A pergunta que não quer calar é: por que mais de meio milhão de pessoas, cidadãos comuns como os retratados pelos impressionistas, aguardaram horas (chegando a 8 horas) nas filas ziguezagueantes pelos entornos do CCBB para fruírem desse acervo?
Podemos chamar de sedução a força que a arte exerce sobre nós? Neste caso, espectadores desfalecidos pela pulsão escópica, registram a obra de arte como puro objeto de desejo, simbolizado na felicidade da ilusão de ver-se vendo.
Por outro lado, estaríamos consumindo em massa, mais um gadjet produzido por outra força – a do capitalismo – tão perfeitamente articulado no discurso da histeria?

Não vamos negar a perplexidade que amantes da arte foram tomados ao perceberem tal acolhida da população. Nesse caso, o público brilhou e dividiu o protagonismo do evento. Que sirva de estímulo para novas iniciativas.

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