domingo, 17 de fevereiro de 2013

Vou beijar-te agora, não me leve a mal, hoje é Carnaval


Quero confrontar alguns elementos do conceito de fantasia para a psicanálise e a fantasia que surge nos blocos de rua, nas passarelas da avenida, nos olhares dos foliões.
O Carnaval é o período de licença para a fantasia, transbordamento do interior do sujeito, um ato falho, simbolizado no descolamento da realidade por três dias.
- Quem é você?
- Adivinha, se gosta de mim! (Chico Buarque)


É o diálogo entre analista e analisante, no qual o inconsciente é a bússola que indica por onde seguir. O inconsciente determina o sujeito a partir da constituição da fantasia, faz com que ele vislumbre o mundo sob esta ótica própria. A fantasia emoldura, enquadra a realidade.

A fantasia é um dos conceitos que fundamentam a psicanálise, desde que Freud ensinou que a realidade é a realidade psíquica, isto é, a de cada um de nós. 

 
Baile Popular - Di Cavalcanti

A criança em crescimento, quando para de brincar, só abdica do elo com objetos reais; em vez de brincar, agora ela fantasia. Constrói castelos no ar e cria seus devaneios. A diferença das fantasias entre crianças e adultos é que crianças não ocultam o desejo que a fantasia representa, mas os adultos envergonham-se de suas fantasias por serem infantis e proibidas. (Freud)

Mas, no Carnaval, elas emergem como sonhos, harmonizadas com censura interior, legitimadas pela sociedade, e se espalham pelas ruas.

Carnaval? Deixei a dor em casa me esperando. E brinquei e gritei e fui vestido de rei. Quarta-feira sempre desce o pano. (Chico Buarque)

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