domingo, 7 de abril de 2013

A maçã e o desejo feminino.


A maçã do amor, o fruto proibido guarda tanto simbolismo ao longo das gerações.

Para ser desejada, foi vetada à mulher, demarcando um limite, estabelecendo uma porta à transgressão, denunciando uma divisão.

Assim, tornou-se signo da violação da lei, do crime feminino, do caminho ao sexo, à erotização mítica, ao objeto fálico.

As tentadoras maçãs, em seu fascínio, são sempre apresentadas por outras figuras femininas poderosas - a serpente, a bruxa, a madrasta - representações do mal, portadoras de um saber envolvente, irresistível, uma vez que já foram eleitas por um homem.


Eva, a mente de maçã, 2008 - Applemind
Óleo s/ tela, 50 x 60 cm - Surrealismo Anacrônico


Não obrigam, não invadem, não agridem, somente apontam uma insatisfação desconhecida, um desejo mais íntimo, o gozo. É um apelo a algo que está significado por uma outra mulher como uma verdade, a nomeação de uma falta aparentemente mais-além dela, um gozo específico.

O objeto oral, que desempenha um papel essencial nas trocas com o Outro, equaciona na maçã uma fórmula de satisfação que se repete, uma espécie de rito de passagem à feminilidade, à vida amorosa.

A maçã é o desejo de desejar, é o desejo feminino.

2 comentários:

  1. Mas sim, o que representou a maçã foi sim o passaporte para a igualdade; e a tentativa de reação foi a criação da serpente, a maldição da origem de uma realidade incômoda.Não adiantou.

    ResponderExcluir
  2. Somente o desejo, que é a expressão da falta, conduz ao movimento, às conquistas, ao novo. Obrigada por seu comentário.

    ResponderExcluir